1/31/2007

UNIÃO CIVIL, SIM! CASAMENTO, NÃO!

Olá!!!

Eu tive a idéia de dar esse título ao post de hoje por causa de um livro do Paulo Freire: Professora, Sim! Tia, Não!

Quem é ou já foi professor no Brasil no mínimo já ouviu falar nesse livro. Ele lembra que a função do professor é ser professor dos alunos dele, e não tio dos alunos dele (apesar de, aqui no Brasil, a gente ter adquirido o bizarro hábito de chamar o professor de “tio”). Vamos chamar as coisas pelos seus devidos nomes, de acordo com as suas devidas funções. E professor não é tio.
Agora, aproveitando o gancho pra entrar no tema de hoje, união civil também não é casamento.
Pra explicar melhor, eu posso começar fazendo uma pergunta a vocês: pra que foi inventado o casamento? A resposta é muito simples: pra fazer com que uma pessoa de uma família e outra pessoa de outra família gerassem um filho, que seria o herdeiro dos bens das 2 famílias. Pra gerar um filho, é preciso que haja 1 homem e 1 mulher. Por isso foi esse o padrão que todas as culturas do Mundo adotaram pro casamento. Mesmo na cultura grega antiga, que permitia e até cobrava a homossexualidade sem problema nenhum, o casamento era só entre pessoas de sexos diferentes, por causa da necessidade de gerar filhos que fossem herdeiros das 2 famílias.
Mas, no final do século XX, começou a se falar em “casamento gay”. Só que isso foi, e ainda é, meio mal visto pela maior parte do Mundo. Inclusive, até, por muitos homossexuais e bissexuais.Sabem qual é o problema ou, pelo menos, parece ser? É a palavra CASAMENTO. Quando a gente usa essa palavra, parece que o que a maioria dos héteros entendem é que alguém vai entrar numa igreja vestido de noiva e jogar um buquê. E não é isso que a gente quer, né?



É claro que, se o cara é transformista, travesti ou drag-queen e gosta de se vestir de noiva, aí ele se veste assim porque quer e porque gosta. E não pra casar numa igreja. Mas aí é outra história, né?
Mas enfim: o que os gays, lésbicas e bis querem não é um sacramento numa igreja; é simplesmente a legalização da parceria entre 2 pessoas do mesmo sexo.
Além do mais, 2 homens ou 2 mulheres podem até adotar filhos, mas apenas pela vontade de ter filhos. Eles não tão pensando em gerar um filho um com o outro pra ser o herdeiro dos bens das 2 famílias. Então, tecnicamente, não é um casamento.
Simplificando: casamento é uma coisa que faz parte do mundinho hétero, e não do nosso.
Por isso, acho que a nomenclatura que a gente deve usar é simplesmente UNIÃO CIVIL. Isso expressa bem melhor o que a gente quer e não cria interpretações equivocadas nos héteros.
Bom, é claro que isso é só uma opinião minha. Mas mesmo quem não concordar, minimamente, vai ver que ela tem uma certa lógica, né?
Mas eu sou completamente a favor da união civil. Afinal, a gente vê casais de gays e de lésbicas que moraram juntos durante anos, construíram uma vida inteira juntos e, quando um dos 2 morreu, a família biológica do morto reivindicou todos os bens pra ela. E o outro que ficou vivo ficou sem nada além do que tava especificamente no nome dele. Vocês sabem que a família pode não se dar nem um pouco bem com a pessoa, mas na hora de pegar os bens que essa pessoa deixou... Brigam até por algum par de chinelos de dedo que era da pessoa!
Mas vamos lembrar também que, quando a união civil for legalizada no Brasil, ninguém vai poder ser obrigado a realizar essa união. Assim como tem casais de héteros que preferem morar juntos sem se casar, também tem casais de gays e de lésbicas que vão preferir morar juntos sem realizar a união civil.
E quanto à religião, pra quem faz tanta questão assim de ter uma bênção religiosa pra união, quero lembrar que tem algumas religiões (as politeístas, geralmente) que aceitam abençoar uma união gay ou lésbica. A Wicca, por exemplo. Mas religiosidade cada um tem a sua e cada um segue (ou não) os rituais religiosos que quiser. Aí vai da cabeça de cada um.
Então, finalizando, eu faço aqui essa sugestão a vocês: vamos evitar a expressão “casamento gay” e passar a usar com mais freqüência a expressão “união civil de pessoas do mesmo sexo”; e vamos cobrar sempre, sempre e sempre a legalização dela o quanto antes possível.

Quando si parla del “matrimonio gay”, la parte più grande delle persone non è d’accordo. Incluso una grande parte degli omosessuali e bisessuali.
Ma il problema sembra essere la parola MATRIMONIO. E degli eterosessuali imbecilli, specificamente, sembrano capire che qualche gay sarà andato in chiesa come una sposa e lancierà un mazzo di fiori, se qualcuno dice “matrimonio gay”.
Chiaramente, quello che si vuole non è questo. Ma sì la legalizzazione della relazione di 2 persone dello stesso sesso.
Così, sarebbe meglio chiamare questa situazione di UNIONE CIVILE.

When you talk about “gay marriage”, most of the people don’t agree with that. And many homosexuals and bisexuals are among them.
But the main problem seems to be the word MARRIAGE. Basically because some stupid heterosexuals think some gay man’s going to a church wearing a bride white gown and holding a bunch of flowers, if you say “gay marriage”.
Of course, we don’t want that. We want the legalization of the relationship between 2 people of the same sex.
So, it’s better to be called CIVIL UNION.

Cuando se habla del “casamiento gay”, la mayor parte de las personas no concuerda. Incluso una gran parte de los homosexuales y bisexuales.
Pero el problema parece ser la palabra CASAMIENTO. Y algunos heterosexuales idiotas parecen entender que algun gay irá a alguna iglesia con un vestido de novia y lanzará un ramilliete de flores, se álguien dice “casamiento gay”.
Es claro que lo que se quiere no es eso. Pero sí la legalización de la relación entre 2 personas del mismo sexo.
Así, sería mejor llamar esa situación de UNION CIVIL.


Bom, é isso, gente. Eu volto na Sexta com a enquete nova e as datas comemorativas de Fevereiro.

See you guys again next Friday!

9 Comments:

Blogger RIC said...

Não vejo o menor problema na designação «união civil homossexual» (válida tanto para gays como para lésbicas).
O problema com as palavras «casamento» ou «matrimónio» é muito velho: cada uma delas refere-se a uma outra realidade, não a «nossa». E é má ideia lutar contra moinhos de vento...
O que importa, acima de tudo, é construir uma nova realidade: aquela em que gays e lésbicas possam legalmente unir-se!
Abração!
:-)

2:41 AM  
Blogger Asfaz said...

Sabe que a união civil há pontos legais e desfavoráveis em todo caso um bom advogado e um contador deverão ser consultados para ter noção das vantagens e desvantagens, que para e Mariposo-R as desvantagens foram maiores que as vantagens. Um bom planejamento evita e muito as brigas com a familia do ex.

8:40 AM  
Blogger Kaka said...

Oi Carioca!

Olha... eu nunca tinha pensado dessa forma! Mas acho que vc tem razão!

Enviei e-mail... Tb te adoro!

beijo!

9:19 AM  
Anonymous Anônimo said...

É isso aí! E nós aqui na torcida que as mentes se abram e a liberdade de escolha e direitos seja para todos.

11:35 AM  
Blogger Di said...

Pra mim, esses contratos civis sejam casamentos ou uniões homoafetivas são a mesma coisa. Já existe no Brasil muitas "doutrinas" jurídicas reconhecendo de quem são os bens na hora de uma partilha. Em qq união deve existir um contrato q ampare a propriedade desses bens, ou o cuidado de cada um em colocar esse ou aquele bem em nome de um ou dos 2 parceiros. Tudo é puro planejamento e administração. Claro, tbém fico torcendo para o nosso judiciário torne esses procedimentos cada vez + "legais" e "comuns". Mas penso q o nosso maior problema, ainda é, a discriminação e homofobia.
Um beijo Carioca.

11:55 AM  
Anonymous Anônimo said...

outra bela postagem.,..
vou forma para professor e logo que eu ouvi falar de paulo freire... ate o hoje um dos maiores pedagogo do brasil... quiças do mundo.
E otimo isso sobre união civil diferente de casamento.
E carioca.. tu ta dando aula com o seu blog

1:34 PM  
Anonymous Anônimo said...

Post bem interessante. Eu acho super importante a união civil tb pelo aspecto jurídico, pois temos os mesmos direitos que os hetéros..e etc etc..rs..Ótima semana pra ti. Abs

5:56 PM  
Blogger BinhoSampa said...

Toda a polêmica é gerada apenas e simplesmente pela palavra "casamento".

A partir do momento que as pessoas utilizarem "união civil" , com certeza haverá maior aceitação pela sociedade.

Ótima Matéria, como sempre.

Abs e Inté.

8:31 PM  
Anonymous Anônimo said...

Ric→ Extamente! É isso mesmo que você disse.
Abração!

Mariposo→ Como eu disse, assim como acontece com os héteros, alguns gays e lésbicas vão preferir viver juntos sem oficializar a situação. E não tem problema nenhum.
Mas um planejamento é claro que sempre tem que ter.

Kaká→ Recebeu o meu e-mail, amigo? Pensa no que eu disse ali, tá?
Beijo!

Jeremy→ Mais cedo ou mais tarde isso vai acontecer. É só a gente deixar cada vez mais claro que isso não é um casamento, como eu disse, né?

Divorciado→ Ah, sim! Essa é a saída que a gente tem por enquanto. Se os bens tiverem no nome dos 2, pelo menos dá menos apurrinhação com a família, né?

Kaíke→ Bom, esse blog é um centro de entretenimento e cultura, né? Não pode faltar nenhuma das 2 coisas.

Rodrigo Brower→ Eu tô vendo exatamente pelo lado jurídico. Religião, tradição e outros bichos é outra história, né?rs
Abraços!

Hairybears→ Eu também!

Binhosampa→ Com certeza! É isso aí!
Abração!

2:25 AM  

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