11/03/2007

MORTE

Oi!!!

Primeiramente, quero agradecer a todos que tão fazendo as perguntas na enquete. Já tô preparando o post com as respostas e, como eu disse, vou mandar ele no início no mês que vem: vai se o 1º post de Dezembro. Até lá podem continuar perguntando o que quiserem, cada um pode fazer quantas perguntas quiser e tal.
E obrigado também por todos os elogios de vocês a mim e ao blog. É muito bom saber que vocês tão aqui também.
Bom, como todos aqui sabemos, ontem foi comemorado o dia dos mortos. Então, vamos falar hoje sobre esse elemento que, desde o início da Humanidade, assusta, espanta, incomoda, irrita e até traumatiza algumas pessoas, mas que talvez seja o mais justo de todos os elementos: a morte.
Eu digo que é um elemento justo, embora pareça o contrário, porque a morte tá no futuro de todos, sem exceção. Independente do tipo de educação que você tenha recebido, do nível cultural que você tenha, do grupo social do qual você faça parte, da religião que você siga (e mesmo que não siga nenhuma), da visão do Mundo que você tenha, do tipo de caráter que você tenha, do tipo físico que você tenha ou das condições de saúde em que você se encontre hoje, um dia você vai morrer. Então, morte é uma coisa bem democrática. Consequentemente, justa.
Só o que muda são as condições em que a morte chega a cada pessoa e a época da vida em que ela chega a cada pessoa. Aí, tudo bem. Isso você pode realmente dizer que é injusto. Mas o que é mais injusto: morrer mal ou viver mal? Bom, isso é assunto pra outro post.
A morte costuma provocar 3 reações básicas nas pessoas: medo, tristeza e raiva. Quase todas as pessoas que a gente conhece têm raiva de ter que morrer um dia, ficam tristes quando pensam que vão deixar a vida que têm quando tiverem que morrer ou (o que ironicamente costuma ser o mais comum dos 3) sentem medo de morrer sem conseguir explicar o motivo desse medo.
O mais curioso é que as pessoas que têm mais medo de morrer não são aquelas que vêem a morte como um fim absoluto, que acham que morrer é simplesmente deixar de existir. Essas geralmente sentem raiva e tristeza. Geralmente quem sente medo de morrer são as pessoas que acreditam que vão encontrar alguma coisa negativa lá do outro lado. Então, pra mim, parece mais um tipo de complexo de culpa. Afinal, apesar de todas as religiões acreditarem em algum tipo de continuação da vida depois da morte, mesmo cada uma dizendo que vai acontecer uma coisa diferente com a gente depois da morte, todas parecem se prender a uma certa ética: quem fez coisas mais positivas durante a vida vai ser recompensado por isso de alguma forma depois da morte; quem fez coisas mais negativas durante a vida vai ser castigado por isso de alguma forma depois da morte.
Bom, é claro que é normal que a pessoa evite morrer, não passe voluntariamente por situações em que ela sabe que pode morrer... Mas um medo neurótico da morte tá revelando alguma coisa que a pessoa fez e pela qual ela tem muito medo de responder. Medo de que o espírito dela vá parar numa dimensão maligna (Inferno, Purgatório e coisas do tipo), medo de reencarnar numa vida pior (muito pobre, em condições físicas muito ruins e tal)... Enfim, parece mais um posicionamento de quem arrasta complexos, culpas, traumas e, principalmente, autocondenações. Mas aí vai da mente de cada um.
É bom lembrar que a morte em si não costuma ser vista como algo negativo pela maioria das religiões (a parte negativa da morte que as religiões fazem questão de lembrar é só o castigo pra quem merece ser castigado).No México, por influência da religião asteca, até hoje o dia dos mortos é celebrado com festas e as crianças comem caveiras de açúcar. Afinal, a religião asteca não via a morte como negativa. E a própria deusa da morte, Coatlicue, era representada sorrindo, apesar de usar uma saia de serpentes e um colar com mãos, corações e crânios humanos pendurados.

Pros gregos antigos, o maior de todos os deuses da morte era um que tinha vários nomes, sendo chamado por cada nome de acordo com o ritual que fosse realizado. Mas os 2 nomes mais comuns desse deus eram Hades e Plutão.

Apesar de ser visto como um deus da agricultura que ajudava os mortais, ele também era visto como um deus terrível e destruidor. É que a agricultura pede a morte pra que haja novos nascimentos, né? Se nada morre, nada se decompõe na terra; se nada se decompõe, a terra não é fertilizada; se a terra não é fertilizada, nada mais nasce. Então, é algo a se pensar: sem a morte, o que seria da vida?No Candomblé, a morte também não é representada como negativa. A deusa da morte é Iansã e a ela ficam submetidos os espíritos dos mortos.

Então, prum praticante do Candomblé, morrer significa simplesmente virar um espírito, que vai ficar sob a proteção de Iansã e servir a ela. Não há nada de assustador nisso.Pra não dizer que todas as religiões sempre viram a morte como uma coisa legal, basta lembrar da religião babilônica. Os deuses dessa religião eram vistos como opressores terríveis que apavoravam os mortais com seus poderes destruidores. E talvez a divindade que era vista como a mais destruidora aí fosse exatamente a deusa da morte, Ereshkigal.

Os babilônios tinham tanto medo dessa deusa que até evitavam falar sobre ela. Fazer pinturas ou esculturas dela, então, nem pensar! E o próprio culto de Ereshkigal era feito separado do culto dos outros deuses.
E no Cristianismo? Qual é a visão da morte? Bom, nos grupos cristãos conservadores, o que se prega é que 99% da Humanidade vai pro Inferno, porque só quem segue estritamente o que aquele grupo específico dita é que “herdará o Reino do Céu”.
Talvez o exemplo mais claro disso (ou, no mínimo, um dos mais claros) seja o Catolicismo Romano, já que, de acordo com as declarações do atual papa, os membros de outras religiões, não praticam religiões, eles praticam “manifestações pseudo-religiosas” (então, já tão praticamente no Inferno); os cristãos que são membros de outras igrejas, são membros de “falsas igrejas”, que podem ser chamadas no máximo de “comunidades” (então, já tão praticamente no Inferno); um homem e uma mulher que tenham se casado dentro da Igreja Católica Romana mas que transem um com o outro por prazer, não tão mantendo a “castidade dentro do casamento” (então, já tão praticamente no Inferno). E como o papa é considerado a autoridade inquestionável e infalível dentro dessa igreja, todos os católicos romanos praticantes têm que concordar com isso (ou então, também já tão praticamente no Inferno, né?rs).É claro que essa não é a idéia de morte que Jesus quis passar. É só dar uma olhada na Oração de São Francisco de Assis pra comprovar isso:


Senhor, fazei-me um instrumento de Vossa paz
Onde houver ódio, que eu leve o amor
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão
Onde houver discórdia, que eu leve a união
Onde houver dúvida, que eu leve a fé
Onde houver erro, que eu leve a verdade
Onde houver desespero, que eu leve a esperança
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria
Onde houver trevas, que eu leve a luz
Mestre, fazei com que eu procure mais
Consolar, que ser consolado
Compreender, que ser compreendido
Amar, que ser amado
Pois é dando que se recebe
É perdoando que se é perdoado
E é morrendo que se vive para a vida eterna

Esse, apesar de ter sido um súdito do papa na época em que viveu, entendeu o que Jesus queria. Já os atuais capachos do Vaticano... Fazer o quê, né?

As you guys know, in many countries, yesterday (November 2) the All Souls’ Day was commemorated. So, let’s talk about an element which is very difficult to understand, but also very fair: death.
I say death is something fair because it’s in everyone’s future. There’s no exception. It doesn’t care if you have a good or a bad erudition, it doesn’t care if you’ve had a good or a bad education, it doesn’t care the group of people which you’re a member of, it doesn’t care the religion of you’re a member of (or even if you don’t have any religion), it doesn’t care how you understand the World, it doesn’t care if you’re an honest or a dishonest person, it doesn’t care if you’re a strong or a weak person, it doesn’t care if you’re a healthy or a sick person... Once, you’ll die. So, death is something very democratic. If it’s democratic, it’s also fair.
Only 2 things are different in each person’s death: when and how the person will die.
We usually see 3 kinds of reaction when people think about death: fear, rage and sadness. Most of people hate having to die one day, get sad about having to leave their lives one day and (the most difficult to understand) are afraid of dying, but can’t understand by themselves why they’re afraid of that.
For many people, dying is just stop existing. But these people usually get furious or sad when they think about that. People who are afraid of dying are basically the ones who think they’ll continue alive in the other side, but having something very bad. By the way, all the religions say if you live in a fair way, you’ll have some kind of reward after your death; in the same way, if you live in an unfair way, you’ll have some kind of punishment after your death. Of course, each religion say you’ll find something different (as each religion call some things a little different as “the fair way to live” and “the unfair way to live”).


Bueno, es normal que una persona no quiera morirse. Pero si tiene un miedo neurótico de la muerte, se puede pensar que ella hizo alguna cosa en su pasado por la cual tiene miedo de responder después de la muerte. Es posible que tenga miedo de irse al Infierno o de reencarnarse en condiciones malas. Pero cada uno tiene su conciencia, ¿verdad?
Es interesante recordar que la muerte por si sola no es vista como una cosa mala por las religiones (lo que las religiones en general dicen que es mal es el castigo que los perversos tendrán después de la muerte).
En México, hay muchas festividades relacionadas con la muerte, por influencia cultural de la religión azteca, que no la veía nunca como un gran mal. Y la propia diosa azteca de la muerte, Coatlicue, era respresentada siempre sonreindo, como uds pueden ver arriba.
Para los griegos antiguos, el dios de la muerte era uno que tenía muchos nombres. Pero los más conocidos de sus nombres son Hades y Plutón. El es el dios de la agricultura, pero también el dios de la desctrucción, porque la agricultura quiere que haya muerte para que haya vida. Si nada se muere, nada se decompone en la tierra; si nada se decompone, no hay fertilización de la tierra; si no hay fertilización de la tierra, nada nace. Así, sin muerte, no hay vida.
En el Candomblé, la muerte tampoco es vista como una cosa mala. La diosa de la muerte es Yansá, a quien pertenecen los espíritus de los muertos. Así, para un miembro del Candomblé, morirse es solo quedarse un súbdito de Yansá.
Para no decir que la muerte no es vista como algo malo por ninguna religión, podemos recordarnos de la religión babilónica, que tenía muchos dioses terribles. Y tal vez la divinidad vista como la más terrible de esa religión sea Ereshkigal, la diosa de la muerte. Hasta mismo su culto era hecho separado del culto de los otros dioses!


Come la morte è vista nel Cristianesimo?
Bene, nei gruppi conservatori, quello che basicamente si dice è che 99% dell’Umanità andrà all’Inferno, perché solamente i membri di quel gruppo specifico che fanno quello che quel gruppo dice andranno al Cielo.
Questo si può vedere bene nel Cattolicesimo Romano. Il loro papa dice che le altre religioni sono “false religioni” (così, i suoi membri andranno all’Inferno), le altre chiese sono “false chiese” (così, i suoi membri andranno all’Inferno), un uomo ed una donna sposati nella sua chiesa che fanno il sesso solo per piacere non stano avendo la “castità dentro il matrimonio” (così, anche loro andranno all’Inferno)... Ed il papa è visto per i cattolici come infallibile, quello che obbliga i cattoli tutti quanti ad essere di accordo con lui (o andranno all’Inferno).
Chiaramente, non era così che Gesù vedeva la morte. Basta leggere la Preghiera Semplice di San Francesco per vederlo:

O Signore, fa di me uno strumento della Tua Pace:
Dove è odio, fa ch’io porti l’amore
Dove è offesa, ch’io porti il perdono
Dove è discordia, ch’io porti l’unione
Dove è dubbio, ch’io porti la fede
Dove è errore, ch’io porti la verità
Dove è disperazione, ch’io porti la speranza
Dove è tristezza, ch’io porti la gioia
Dove sono le tenebre, ch’io porti la luce
O Maestro, fa ch’io non cerci tanto:
Essere consolato, quanto consolare
Essere compreso, quanto comprendere
Essere amato, quanto amare
Poiché si è:
Dando, che si riceve
Perdonando, che si è perdonato
Morendo, che si risuscita a Vita Eterna

San Francesco ha capito quello che Gesù voleva. Ma quei che sono adesso nel Vaticano... Quei hanno già veramente capito qualcosa che Gesù voleva?


Até mais!

11 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Estupendo post, Leo.
La muerte, esa palabra maldita que siempre nos juzga y nos traslada a un final del camino. El gran misterio de nuestras vidas.

Besos

6:19 PM  
Anonymous Anônimo said...

A morte é uma situação muito justa, pois é através dela que todos se igualam.

6:47 PM  
Blogger Leo Carioca said...

Jahh→ Gracias!
Sí, la muerte es un gran misterio, pero también está en el destino de todos nosotros, ¿verdad?
Besos!

Sérgio→ Exatamente!

2:17 AM  
Blogger Javier said...

Más que interesante entrada!!, enfrentarnos a la muerte, un hecho natural al que preferimos ni enfrentarnos ni asumir que es un hecho biológico natural, en cierta manera creo que el temor va ligado a la vida que hemos llevado.

Claro que puedes enlazarme, yo también lo haré.

9:20 PM  
Blogger Javier said...

Bueno ya estás enlazado!!

9:27 PM  
Blogger Leo Carioca said...

Gracias!
Tú también ya estás enlazado aquí!

1:13 AM  
Blogger marlene said...

Hola Leo: me gusta mucho la oración de San Francisco. Aunque no practico religión alguna, siempre ha sido, Francisco, un personaje que admiro y quiero. POr su fraternidad, por su humildad y amor a la vida, a las personas y a la naturaleza. Qué bueno que publicaste la oración de la paz.
Besos!

6:59 AM  
Anonymous Anônimo said...

nossa.. mas um belo texto filosifico..
adoro quando você faz isso.
abração

4:01 PM  
Blogger Leo Carioca said...

René→ Sí. Pienso que esa oración sea más bella que la propia Bíblia!
Besos!

Kaíke→ Valeu!
Abração!

2:01 AM  
Blogger Asfaz said...

Carioca, muito legal isso , mas o que mais me chamou atenção foi a parte do cristianismo , alias o cristianismo precisa de qualquer forma sustentar o inferno, purgatório e o ceu, são essas mentiras que sustentam suas bases .....

quanto a mim resta apenas a curiosidade de saber o que acontece quando a energia lagar a matéria ....

4:47 PM  
Blogger Leo Carioca said...

Na verdade, se você observar, o Cristianismo (com exceção dos grupos progressistas) faz mais condenações ao Inferno do que promessas de que a pessoa vá pro Céu.
Bom, intimidar os fiéis é a forma mais fácil de dominar eles, né?

1:30 AM  

Postar um comentário

<< Home