9/25/2007

AS 6 MAIORES DEUSAS OLÍMPICAS

HERA

A origem dessa Deusa é incerta. Tem quem diz que o culto Dela foi levado pra Grécia pelos conquistadores indo-europeus, há mais de 4000 anos, e tem quem diz que Ela já era adorada pelos primeiros habitantes da Grécia, há uns 8000 anos.
De qualquer forma, Hera era a deusa do casamento ali e, consequentemente, também era o símbolo religioso das esposas.
Lá pelo ano 2600 a.C., o culto de Zeus foi levado pra Grécia pelos conquistadores indo-europeus, que fizeram Dele o Deus Supremo, impondo o culto Dele aos povos conquistados. Esses povos, que seguiam tradições que hoje seriam vistas como feministas, adoravam principalmente deusas femininas. E o implante de uma divindade masculina como novo Deus Supremo deles mudou completamente a noção que eles tinham de homem e mulher, passando a criar comportamentos cada vez mais machistas a partir daí.
Bom, como Hera era a Deusa do casamento, Ela pareceu a Deusa ideal pra ser a esposa do novo Deus Supremo. E Ela passou a ser louvada como tal pelos gregos a partir dessa época: em algumas regiões da Grécia, todos os anos, a estátua de Hera, que era feita de madeira de carvalho (árvore consagrada a Zeus), era vestida com roupas de noiva e levada em procissão até o templo de Zeus mais próximo, onde era deixada num leito nupcial, como se Ela tivesse se casando sempre e infinitamente com Ele.
Devido a esse casamento, Hera passou a ser considerada a Rainha dos Deuses Olímpicos. Ou seja, entre todos esses deuses, Ela era vista como a 2ª mais poderosa, inferior apenas a Zeus.
Só que, devido a Hera ser considerada o símbolo religioso das esposas numa sociedade que tinha mergulhado num machismo quase absoluto, a imagem que passou a ser transmitida pra Ela foi a imagem que os maridos tinham das esposas, ou seja, uma criatura chata, que passa o dia inteiro de mau humor e reclamando sem parar.
O caráter vingativo e sádico com que Hera passou a ser imaginada vem muito daí também: quase todos os mitos e lendas populares que mencionam essa Deusa mostram ela perseguindo ou castigando alguém. Mas, quase sempre, é alguém que tomou alguma atitude que atingiu algum casamento. As vítimas principais de Hera são os maridos e esposas adúlteros, seus respectivos amantes e mais os filhos nascidos dessas uniões. E os castigos que Ela manda contra essas pessoas são sempre terríveis.
Existe um mito que menciona Hera enviando um monstro pra assombrar Tebas, já que o Rei de Tebas tinha mantido um relacionamento gay com um príncipe da Élida. E essa, de acordo com os mitos, teria sido a estréia da homossexualidade no Mundo: ninguém nunca tinha feito isso antes. Mas o castigo da Deusa contra eles foi só por eles terem inaugurado um novo tipo de relacionamento que não era um casamento, e não por eles serem homossexuais: não existe nenhum outro mito nem lenda popular que mencione Hera castigando outros gays.
Mas até hoje, na maioria dos filmes, seriados e até desenhos inspirados na Mitologia Grega, Hera aparece quase sempre como vilã. Mas estudando os mitos gregos originais, a gente vê que não é bem isso.
Ao contrário de Zeus, que era imaginado pelos gregos cometendo sempre uma sucessão sem fim de adultérios, Hera era imaginada sendo sempre 100% fiel ao marido.
Ela também era imaginada como uma das 3 deusas olímpicas mais lindas, comparada em beleza só a Afrodite e Atena.
Também existe a forma Era, sem H, pro nome dessa Deusa. Mas Hera, com H, é bem mais comum de se ver.
Esse nome, de acordo com alguns etimólogos, vem da mesma origem que a palavra ‘herói’. Então, ‘hera’ seria uma espécie de sinônimo de ‘heroína’, o que se justifica pelo fato dessa Deusa enfrentar todos os desafios e destruir todos os inimigos que encontra pra manter a matéria sobre a qual Ela reina, ao mesmo tempo em que defende e protege incondicionalmente todos aqueles que se dedicam a essa matéria: o casamento.O animal e o vegetal que simbolizam Hera são o pavão e o lírio.

AFRODITE

Essa deusa, claramente, não é de origem grega. A maioria dos historiadores concordam que ela é Astarté, a deusa fenícia da água, que recebeu o nome de Afrodite quando começou a ser louvada na Grécia.
Quando os mercadores fenícios desembarcavam nas praias gregas, faziam oferendas a Astarté pra agradecer pela proteção na viagem que tinham acabado de fazer. E os gregos, vendo isso, adotaram o culto dessa deusa, mudando o nome dela.
Como a água tem poderes férteis, Afrodite passou a ser vista como deusa da fertilidade também. Como a fertilidade tá ligada ao sexo e ao amor, ela passou a ser vista como deusa do sexo e do amor também. E esses são só alguns dos atributos que a deusa assumiu na Grécia, pois ela também foi deusa de várias outras matérias por lá. Até como deusa da guerra ela chegou a ser vista em algumas cidades gregas!
Tanto os mitos quanto as lendas populares contam que Afrodite teve muitos amantes, tanto imortais quanto mortais, que foram pais de vários filhos dela. Mas, como ela se recusou a transar com Zeus, Ele Se vingou, obrigando ela a se casar com Hefesto, o mais horroroso de todos os deuses olímpicos. Apesar disso, nenhum mito ou lenda menciona filhos nascidos desse casamento, ao mesmo tempo em que todos concordam que Afrodite mal chegava perto do marido e continuava tendo várias relações extraconjugais.
Se essa deusa era vista assim pelos gregos, o que a gente pode concluir é que ela era o símbolo religioso da mulher de sexualidade livre, senhora das suas próprias decisões, que tem todos os relacionamentos que quiser e com quem quiser, não se relaciona com quem não quer e não se sente presa a casamento nenhum nem obrigada a ter filhos com marido nenhum.
É bom lembrar que, pros gregos antigos, a alegria e o sexo eram considerados sagrados, e não pecaminosos, como os grupos religiosos conservadores tentam impor ainda hoje. O sexo só era sacrilégio pra quem tivesse feito algum voto de castidade, o que não era o caso dos adoradores de Afrodite: ela não proibia nenhum tipo de amor nem de prática sexual, mas, pelo contrário, incentivava. E quem pretendia conquistar o amor da pessoa amada, independente do sexo dessa pessoa, sempre se voltava pra Afrodite.
Afrodite também era imaginada como a mais linda de todas as deusas olímpicas, mais até do que Hera e Atena.São vários os animais e vegetais que simbolizam Afrodite. Mas entre os mais comuns tão o pombo e o mirto.

ÁRTEMIS

Podemos dizer que essa é uma deusa de várias origens, já que a imagem dela parece ter sido formada da união de várias divindades diferentes. Isso se percebe até pela contradição entre algumas matérias das quais ela é deusa: ela é responsável pela alimentação, por ser a deusa da caça; mas ela também é a legisladora que determina se alguma presa pode ou não ser abatida, por ser a deusa-protetora dos animais.
Em cada região grega ela era chamada por nomes diferentes, que, supostamente, seriam nomes de deusas menores que foram associadas a ela ao longo dos séculos.
O culto de Ártemis tava muito associado ao culto de Apolo, o deus do Sol. Quando os gregos ofereciam culto a Apolo, Ártemis era quase sempre, no mínimo, mencionada no ritual. E vice-versa, é claro. E essa ligação entre esses 2 deuses parecia algo tão indissolúvel que eles passaram a ser vistos como irmãos gêmeos e versão masculina e feminina um do outro. Inclusive, já que Apolo era o deus do Sol, Ártemis também passou a ser considerada a deusa da Lua, nos períodos de crescente e minguante.
Ártemis e Apolo também eram considerados, em várias regiões da Grécia, os deuses-protetores das crianças e dos adolescentes.
Como Apolo era considerado o deus masculino mais lindo de todos, os mitos e lendas populares mencionam uma infinidade de relações dele tanto com homens quanto com mulheres. Mas Ártemis, muito pelo contrário, era retratada como uma deusa virgem. E geralmente era imaginada matando quem atentasse contra a virgindade dela. Mas essa virgindade era por um motivo muito prático: evitar a gravidez. Gerar e parir um filho é algo abominável pra ela. Em vez disso, proteger e educar uma criança já é algo muito mais bem aceito por ela.
De qualquer forma, por causa disso, os sacerdotes e sacerdotisas dela eram quase sempre obrigados a fazer voto de castidade. E a deusa, acreditavam eles, castigaria da forma mais cruel e violenta possível quem ousasse quebrar esse voto.
Ártemis também era sempre imaginada como a deusa que não pede pra ser defendida por ninguém: quando se sente ameaçada ou desrespeitada, ela se defende e se vinga com as próprias mãos.
Ela era o símbolo religioso da mulher independente, que caça sua própria subsistência, sabe se defender sozinha, não sente nenhuma falta de um marido que engravide ela e consegue se bastar sozinha de uma forma tão forte que nem o contato sexual com outra pessoa parece algo muito importante.Todos os animais simbolizam Ártemis, já que ela protege todos eles. E um dos vegetais que mais simbolizam ela é a artemísia.

ATENA

A maioria dos historiadores supõem que essa deusa é originária de Creta. Mas o principal centro de culto dela era Atenas, que hoje é a capital da Grécia. E era lá que aconteciam a maioria dos rituais dedicados a ela.
Quase sempre os mitos e lendas populares mencionavam os reis de Atenas se consultando com Atena em momentos específicos da vida deles.
Ela protege os fabricantes de armas, os tecelões e os confeccionadores que trabalham com artes manuais em geral.
Na Grécia Antiga, Atena também recebia culto como deusa da guerra, assim como Ares. Mas, ao contrário de Ares, que sempre partia direto pra carnificina, Atena era a favor da guerra só em último caso, quando todas as soluções pacíficas pro problema já tinham sido esgotadas: a violência gratuita pertencia a Ares, e não a Atena.
Ela era imaginada pelos gregos antigos como a deusa que, apesar de ser sempre extremamente corajosa, nunca agia sem antes pensar nas conseqüências. E entre todos os deuses olímpicos, Atena era a única considerada com uma sabedoria compatível com a de Zeus, tomando sempre as decisões mais racionais e sem criar um envolvimento sentimental profundo com quase nada.
Atena era uma deusa virgem, talvez pra poder nunca ter um contato mais próximo com ninguém. Mas, devido a isso, os sacerdotes e sacerdotisas dela tinham que fazer voto de castidade.
Esse comportamento ‘frio’ e ‘distante’ com que essa deusa era imaginada é explicado por um motivo muito simples: Atena é o símbolo religioso da mulher que assumiu um comportamento considerado masculino pra poder ter vez e ser valorizada numa sociedade machista. Então, ser o mais racional possível e proteger as pessoas mais racionais é tudo de que ela precisa.O animal e o vegetal que simbolizam Atena são a coruja e a oliveira.

DEMÉTER

Essa deusa parecer ser claramente de origem grega, adorada pelos primeiros habitantes da Grécia há vários milênios.
Deméter costuma ser mencionada como deusa da terra e da vegetação. E é, realmente. Mas é de um tipo específico de terra e vegetação: ela era vista pelos gregos antigos como a deusa da terra cultivada e da agricultura. Então, a terra e a vegetação que tão numa floresta, por exemplo, não são matéria dela. Mas as que tão num campo cultivado, são.
O culto dela se espalhou basicamente por todos os territórios do Norte do Mediterrâneo e pelo Oriente Próximo.
Mas o principal centro do culto de Deméter era a cidade de Elêusis, na própria Grécia. Lá eram realizados os Mistérios de Elêusis, que eram, talvez, a maior manifestação religiosa da Grécia Antiga.
Pra tentar explicar bem o que eram os Mistérios de Elêusis eu teria que fazer um post falando só sobre isso, porque é um assunto muito extenso. Então, pra simplificar, vamos dizer que era um grande ritual ligado ao nascimento, à vida, à morte, à ressurreição e à terra. E quem participava deles tomava conhecimento de segredos que não podiam ser divulgados pra nenhum não-iniciado.
O culto de Deméter é diretamente associado ao da filha dela. E elas costumavam ser invocadas juntas, mencionadas simplesmente como “As Duas Deusas”.
Essa filha dela, durante a Primavera e o Verão, se chama Core, e tá associada aos deuses da agricultura; durante o Outono e o Inverno, ela se chama Perséfone, e tá associada aos deuses da morte.
Essas idas e vindas da filha pra perto e pra longe de Deméter mostram que ela representa a mãe que sempre acolhe carinhosamente o filho de volta, mesmo que esse filho precise se afastar de vez em quando. Ela é o símbolo religioso da mulher que, em primeiríssimo lugar, quer ser mãe: engravidar, parir, amamentar e criar o filho são a grande prioridade. Qualquer outra coisa vem em 2º plano pra ela.O animal que simboliza Deméter é a porca. E todos os vegetais que são tradicionalmente cultivados também são símbolos dela, mas principalmente o trigo.

HÉSTIA


A maioria dos historiadores concordam que essa já era uma deusa louvada pelos primeiros habitantes da Grécia. E os gregos pareciam procurar manter essa imagem, já que costumavam mencionar ela como a mais velha de todos os deuses olímpicos.
Héstia faz parte quase exclusivamente da religião, já que são raríssimos os mitos e lendas que falam sobre ela.
Dentro dos templos de todos os outros deuses existia sempre um altar de Héstia. E se acreditava que até eles (os outros deuses) ofereciam louvores a ela.
Em todas as casas gregas existia um altar com uma lareira, onde era oferecido o culto aos deuses olímpicos. E esse ambiente da casa era sempre consagrado a Héstia. Mas apesar de ser uma presença tão constante nos templos e nas casas dos gregos, ela não era invocada pra interagir diretamente na vida das pessoas. Pelo contrário: ela ensinava as pessoas a se autocontrolar e a se manter intocadas por influências negativas ou que causassem o descontrole. Nesse ponto, a influência divina de Héstia é, guardando-se as devidas proporções de diferença, bem parecida com a de Buda, quando ele tenta ensinar as pessoas a chegar ao Nirvana.
Héstia é uma deusa virgem, já que na castidade, pelo menos teoricamente, se encontra um autocontrole maior do que no sexo. E por isso os sacerdotes e sacerdotisas dela tinham que fazer o voto de castidade.
Essa personalidade tão abstrata e tão autocontrolada inspirou muito pouco os artistas em geral a retratarem essa deusa, o que explica o número tão pequeno de pinturas e esculturas que mostram ela.
Não parecem existir animais nem vegetais que simbolizem Héstia, até porque poucas coisas no Mundo podem representar alguém que procura ficar afastada do Mundo (pelo menos durante o maior tempo possível).
Por ser uma presença constante nas casas de todos, ela é considerada a protetora das casas.

6 Comments:

Blogger RIC said...

«Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas»...
Há um aspecto deste post que me agrada particularmente: a profunda dimensão humana que todo o teu texto atribui ao panteão olímpico.
Ainda que não concorde com certas abordagens, gostei!
Um abraço! :-)

2:11 AM  
Blogger Leo Carioca said...

Ah, sim! Mas as características com que os gregos imaginavam a personalidade de cada deus eram as características de um tipo diferente de ser humano.
Já os cristãos tradicionalmente fazem o oposto, né? Eles imaginam Jesus com a personalidade menos humana e mais idealizada possível. Às vezes me dá a impressão de que qualquer perfeição usada como base pelos cristãos pra imaginar Jesus sempre parece pouca pra eles mesmos!
Um abraço.

3:36 AM  
Blogger Luiz Pep said...

Gostaria de saber se existe um deus grego era homossexual ou pelo menos bissexual

6:26 AM  
Blogger Leo Carioca said...

Você tá querendo saber se os mitos e lendas contam sobre relações homossexuais entre os deuses, não é isso?
Bom, de acordo com a Mitologia Grega, quase todos os deuses masculinos da religião olímpica tiveram relações com homens e com mulheres. Inclusive Zeus.
Mas o que teve mais relacionamentos de todos os tipos, como eu já disse, foi Apolo, porque ele era o mais lindo de todas as divindades masculinas.

5:26 PM  
Anonymous Anônimo said...

Estupendo post sobre las divinidades griegas. Aunque no sé mucho portugués, he conseguido aprender muchas cosas.

Gracias, Leo.

3:28 PM  
Blogger Leo Carioca said...

Gracias a tí.
No hay aquí las traduciones de ese post solo porque se quedaría un post gigante, ¿verdad?

3:04 AM  

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