7/24/2007

UMA AVENTURA (TALVEZ) VERDADEIRA

Oi!!!

Vamos falar hoje sobre mais um personagem histórico gay: o André Maturette. Só que, dessa vez, vai ser meio... diferente. É que basicamente tudo o que se sabe sobre esse personagem foi registrado no livro Papillon, escrito pelo Henri Charrière (apelidado pelos amigos de Papillon). E esse livro, apesar de ter sido lançado pelo autor como a autobiografia dele, tem várias partes contestadas por vários historiadores, que acham muito improvável que a mesma pessoa tenha vivido todas as aventuras descritas no livro e passado por todos os lugares mencionados ali, apesar das situações parecerem bem reais. Em outras palavras, se pensa que tudo o que é contado no livro pode muito bem ter sido inspirado em fatos reais, mas fatos dos quais o autor ouviu falar, e não viveu pessoalmente. Então, não dá pra saber direito o que é ‘lenda’ e o que é verdade em relação aos personagens mostrados ali (e isso inclui o André). Bom, vamos em frente...A origem do André não é muito clara. Mas ele parece ter sido um menino pobre da França, nascido em 1915, época em que a Guiana Francesa ainda era usada como terra de degredo: um cidadão francês que cometia um crime na Europa era preso e mandado pra América do Sul, pra cumprir uma pena de trabalhos forçados na Guiana Francesa.

Mas a grande maioria era só falsamente acusada de ter feito alguma coisa. O próprio Papillon foi condenado ao degredo pela falsa acusação do assassinato de um cafetão.
Mas enfim: era lá que ficavam o Presídio de St-Laurent du Maroni (às margens do Rio Maroni) e o Arquipélago da Salvação, formado pela Ilha Royale, pela Ilha de São José e pela Ilha do Diabo (apelidadas de “Devoradoras de Homens”, devido aos métodos de prisão e tortura que eram aplicados ali), pra onde a maioria dos condenados eram mandados.


Bom, quando tinha 17 anos, na companhia de um colega de 16, o André participou do assassinato (provavelmente em conseqüência de um assalto) de um motorista de táxi... Nunca se soube qual dos 2 matou o homem, já que, no julgamento, eles assumiram, cada um, a autoria total do crime, inocentando um ao outro. De qualquer forma, os 2 deveriam ser condenados à morte pelo crime, mas tiveram a condenação mudada pra degredo, devido a serem menores.
Assim, o André foi mandado pra Guiana Francesa com 18 anos. E lá, ele passava o tempo tentando seduzir os guardas e os condenados mais velhos.
Em 1933, quando o Papillon traçou o 1º plano de fuga, ele pretendia sair direto da enfermaria do presídio, onde tava internado (e dali já era pra ir pras ilhas), junto com o amigo Joanes Clousiot (que tinha sido condenado pela falsa acusação do roubo de uma bicicleta). Mas, como eles eram vigiados por um carcereiro todas as noites, isso ficava impraticável. Assim, o Papillon propôs ao André que desse um jeito de manter o carcereiro ‘ocupado’ por uns dias, em troca de fugir com eles.
O André aceitou e passou a ir com o carcereiro pro banheiro da enfermaria por uns minutos toda noite, até que o cara confiasse completamente nele. E na noite combinada, assim que o carcereiro saiu do banheiro, o Papillon deu-lhe uma porrada na nuca, desmaiando ele. E os 3, como tava combinado, fugiram juntos da enfermaria, passando rápido pelos vigias.Quando eles pularam o muro do presídio, tavam lá 2 caras, contratados pelo Papillon, esperando eles com um barco (o plano era fugir dali pelo Mar e chegar à Colômbia, o que era um longo caminho).


A fuga não foi difícil, mas o Joanes quebrou a perna quando pulou o muro... De qualquer forma, ele, o André e o Papillon ficaram escondidos numa enseada fechada do rio, pensando em esperar até a história da fuga deles esfriar no presídio.
Os 2 ajudantes deixaram uma velha canoa com eles e ficaram de voltar uns dias depois, pra levar o que faltasse... Só que eles não apareceram mais.
Poucos dias depois, os 3 encontraram um caçador que, examinando a canoa que eles tinham lá, disse que eles não tinham condição nenhuma de sair pelo Mar com aquilo. E aconselhou eles a irem até a Ilha dos Pombos, onde podiam comprar um barco dos bons.
Essa ilha era uma colônia de prisioneiros leprosos, que eram mantidos lá pra não contaminar ninguém no presídio. E os 3 conseguiram o barco de que precisavam sem problemas, até por terem sido muito bem recebidos na ilha, ganhando até presentes, armas e mesmo uma doação em dinheiro dos habitantes.
Dessa ilha, os 3 saíram pela foz do Maroni, entraram no Mar e navegaram até Trinidad, onde foram calorosamente acolhidos pela Família Bowen. E enquanto a perna do Joanes era tratada, o André e o Papillon receberam total liberdade pra circular pela ilha, se divertindo muito, por sinal. Mas, ao contrário do que parece, isso não era um desatino da Lei de Trinidad. É que se dava um prazo de 1 mês pros foragidos de outros países se refazerem em Trinidad. Depois disso, tinham que deixar a ilha.
Antes de partirem, as autoridades locais pediram a eles que levassem 3 outros fugitivos franceses que tavam lá, identificados apenas como Dufils, Kergueret e Leblond. E o Papillon, que era reconhecido como líder do grupo, aceitou.
De Trinidad, os 6 navegaram até Curaçau, onde foram presos depois de um desentendimento com os primeiros habitantes que encontraram lá. Mas o Papillon ganhou a simpatia do Monsenhor Irénée de Bruyne, que, muito influente junto às autoridades de Curaçau, intercedeu pelos 6, permitindo que eles fossem soltos e seguissem viagem.
Chegando no litoral da Colômbia, o Dufils, o Kergueret e o Leblond pediram pra ser deixados ali. E o André, o Papillon e o Joanes seguiram em frente. Mas logo foram interceptados a barco por policiais colombianos, que levaram eles presos pra Rio Hacha, onde eles reencontraram os outros 3, que também tinham sido capturados logo depois do desembarque.
Não muito tempo depois disso, o Papillon conseguiu fugir desse presídio junto com um prisioneiro colombiano. E o André e os outros 4 foram transferidos pra outro presídio, em Santa Marta.
Passados 7 meses da fuga do Papillon, ele foi recapturado e recolocado junto com os 5 amigos, que, mais tarde, foram transferidos pra outro presídio, em Barranquilla. E lá, depois de algumas tentativas fracassadas de fuga, os 6 foram entregues às autoridades francesas, que levaram todos de volta pra Guiana Francesa.
Lá chegando, eles foram condenados, cada um, a 2 anos de reclusão na Ilha de São José, pela tentativa de fuga. Os reclusos recebiam 3 pequenas refeições por dia e eram colocados em celas individuais e sem iluminação, onde eram vigiados por 24 horas seguidas. E eram terminantemente proibidos de falar qualquer coisa, a não ser que algum vigia ou oficial perguntasse alguma coisa a eles. Os que desobedeciam essa regra eram amordaçados e presos numa camisa-de-força na própria cela.
Cumpridos os 2 anos (de 1935 a 1937), eles foram tirados das celas. E apesar de tá muito debilitado, o André conseguiu sobreviver. O Papillon, que tinha recebido vários contrabandos de comida mais saudável mandada pelos amigos dele, tava em condições bem melhores. Mas o Joanes não resistiu e morreu. Os outros 3 amigos da fuga deles não são mais mencionados.
Sendo mandados pra Ilha Royale, apesar do Papillon continuar infinitamente pensando em fugir, o André não quis mais saber disso. Ele conseguiu o cargo de enfermeiro-assistente na própria enfermaria onde foi tratado depois de sair da reclusão. E ficou por lá mesmo.
Mas ele e o Papillon continuaram mantendo contato. E os outros presos chegaram até a pensar que eles eram amantes. Aliás, a última informação que o livro dá sobre o André é quando aparecem alguns presos que, interessados nele, perguntam ao Papillon se eles tão juntos, no que o Papillon confirma que nunca transou com ele.
Provavelmente o André continuou ali até morrer ou até o presídio ser desativado, em 1951.
O André é chamado simplesmente de “Maturette” basicamente durante o livro todo. E em outro livro assinado pelo Papillon, Banco, ele fala de um outro “Maturette”, mas não parece ser o mesmo personagem (esse é hétero rs).O livro inspirou um filme com o mesmo nome, protagonizado pelo Steve McQueen, em 1973 (ano em que o Papillon morreu).


Mas o roteiro do filme acaba se afastando bastante do texto do livro. Inclusive, o André morre no filme, coisa que não acontece no livro.
O ator que interpreta o André no filme se chama Robert Deman.

Oggi parleremo un po’ di André Maturette, un altro personaggio gay dei tempi passati. Ma questa volta sarà un po’ diverso, perché quasi tutto quello che si sa di lui è detto nel libro Papillon, di Henri Charrière. E nonostante questo sia visto come l’autobiografia di Henri, c’è chi dice che è una storia impossibile di esser stata vissuta per una persona sola. Si crede che Henri abbia conosciuto le storie di altre persone e scritto il libro mettendole tutte insieme, come se fossero la storia della sua vita. Così, non si sa chiaramente quello che è vero e quello che non lo è in questo libro. Comunque sia...
Non si sa chiaramente quando, dove e come André è nato. Ma si crede che sia stato in Francia, come un bambino povero, nel 1915, quando la Guyana Francese era ancora usata come una prigione francese. Ma la parte più grande di chi ci andava non aveva fatto veramente niente.
Nella Guyana Francese c’erano la Prigione di St-Laurent du Maroni ed anche le 3 Isole du Salut (l’Isola Royale, l’Isola di San Giuseppe e l’Isola del Diavolo), dove la tortura dei prigionieri era costante.
Quando André aveva 17 anni, lui ed un amico di 16 sono stati presenti quando un uomo che guidava un taxi è stato assassinato... Nessuno ha mai saputo chi ha assassinato l’uomo, perché ognuno dei 2 ragazzi ha detto che l’assassino era lui e l’amico era innocente. Così, i 2 dovevano avere la pena di morte. Ma questo non è sucesso perché avevano meno di 18 anni. E la loro pena è stata cambiata ad esilio.
André è arrivato nella Guiana Francese quando aveva 18 anni. E prima della sua avventura insieme a Henri, passava il suo tempo cercando sesso coi poliziotti e coi prigionieri più vecchi.

En 1933, cuando Papillon pensó de escaparse por la primera vez de la Guayana Francesa, estaba en la enfermería del Presidio de St-Laurent du Maroni, junto a su amigo Joanes Clousiot. Pero había un centinela que se quedaba junto a ellos todas las noches. Así, Papillon dijo a André Maturette para seducir el hombre por algunos días, y podría escaparse con ellos. Y André se iba con el centinela para el cuarto de baño todas las noches hasta el hombre empezar a confiar completamente en él. Hasta que, en la noche combinada, Papillon golpeó el centinela en la cabeza cuando él salió del cuarto de baño y se escapó junto a André y Joanes.
No fue difícil escapar, pero Joanes rompió su pierna cuando saltó el muro del presidio.
Junto al presidio se quedaba el Río Maroni, donde 2 hombres contratados por Papillon los esperaban con un barco (Papillon pensaba de dejar la Guayana Francesa para irse a Colombia con sus 2 amigos).
Los 2 ayudantes de Papillon los dejaran en una pequeña playa del río, con una vieja canoa, diciendoles que se quedasen allá hasta que su fuga fuera un poco olvidada en el presidio. Y ellos 2 regresarían después... Pero no regresaron más.
Pocos día después, los 3 se avistaron con un cazador que les dijo para ir a una isla de leprosos próxima de allá para comprar un barco nuevo y mejor: la canoa que ellos tenían allí sería simplemente aniquilada en el Mar.
Ellos fueron muy bienvenidos en la isla, compraron su barco nuevo y hasta mismo tuvieron presentes de los habitantes. Y después de dejar el Maroni y entrar en el Mar, fueron primero para Trinidad, donde la Familia Bowen los recibió muy bien. Por la Ley, ellos podían quedarse allá por 1 més, pero después tenían que irse. Y cuando se fueron, las autoridades de Trinidad les pidieron para llevar 3 otros franceses con ellos: Dufils, Kergueret y Leblond.
Después de eso, estuvieron en Curaçau, desde donde, después de algunos problemas, continuaron su viaje para Colombia.
Dufils, Kergueret y Leblond fueron dejados en una pequeña playa de Colombia y, pocos después, André, Papillon y Joanes fueron presos por agentes de policía en una lancha y llevados para Rio Hacha, donde estaban los otros 3 (que habían sido presos también).
Papillon pudo escaparse de nuevo, mientras André y los otros 4 fueron llevados para Santa Marta, donde, después de 7 meses, fueron puestos junto a Papillon, que había sido preso de nuevo.
Los 6 fueron llevados para Barranquilla, donde fueron entregues a las autoridades francesas.

After have been arrested in Colombia, André, Papillon and Joanes were extraditated back to French Guiana. And they were sent to Saint Joseph Island, where they were put in individual cells without electrical energy for 2 years. They had only 3 light meals a day and were forbidden to speak anything. And 2 policemen watched them 24 hours a day.
They lived in these conditions from 1935 to 1937. André was really weak after that, but he could survive. Papillon was much stronger than him, because he had received many nutritious pieces of food from his friends in his cell as a contraband. But Joanes died in sick conditions.
Then, they were sent to Royale Island. And Papillon continued with his intentions to escape. But André really gave up. He was able to get a kind of a job as a nurse at the infirmary where he had stayed after having left the cell. And what happened to him after that is unknown.
Anyway, many prisoners thought he and Papillon were lovers. By the way, the last time André is mentioned in
Papillon is when some prisoners who want him sexually ask Papillon if he’s dating André. And he answered he isn’t and he’s never been.
Probably, André continued in Royale Island to his death or to the end of the prison, in 1951.
André is often called “Maturette” for all the book. And Papillon wrote another book called
Banco which has another character called Maturette. But this one is a hetero.
When Papillon died, in 1973, there was a movie based on his 1st book, which was also called
Papillon.
Steve McQueen starred this movie. But it goes very far from what happens in the book. The story is really different. By the way, André dies in the movie, and it doesn’t happen in the book.
Anyway, he was played by Robert Deman.


Até mais!

6 Comments:

Blogger RIC said...

«Papillon» era leitura quase obrigatória na minha juventude: não havia jovem que o não tivesse lido. E o filme, apesar dos desvios ao livro, foi muito visto e comentado, até porque Steve McQueen era um actor de culto.
E ainda hoje, a veracidade desse livro continua a ser discutida, e ambos os lados vão reunindo mais elementos para provar a sua respectiva tese... Dedicação infinita!
Obrigado, Leo!
Abração! :-)

11:05 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eu já li o livro e também já vi o filme. Eu diria que são quase duas histórias diferentes, com os temas parecidos e com personagens com o mesmo nome, de tão diferente que uma coisa ficou da outra.
Quanto à veracidade da história, eu, particularmente, não acredito que tudo ali tenha sido vivido pelo Papillon. Porque o que aparece no livro são praticamente aventuras separadas que começam e acabam. E em alguns casos, principalmente nas aventuras pelas quais ele passa nas fugas dele, nem têm muito a ver uma com a outra: ele passa por países diferentes, por uma tribo de índios, por um convento de freiras... Será que a mesma pessoa conseguiria passar por isso tudo? Eu suponho que não, né?rs
De qualquer forma, o livro é, com certeza, muito bom. Um dos meus preferidos!
Abração!

2:15 AM  
Blogger marlene said...

hola Leo: ya regrese de mis vacaciones y como siempre pase por tu blog para ver todo lo que me habia perdido en estos dias. Como siempre, super interesante,
Gracias y besos para ti,

10:10 AM  
Blogger Vitor said...

Fiquei muito interessado por esse livro, qual o nome do livro aqui no Brasil? Parei de ler o post pra não estragar a minha leitura! Achei muito válido!

12:20 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eu só cheguei a ver o filme e não li o livro ainda, mas com tantos detalhes assim eu pretendo ler rapidinho. Quanta coisa ele passou!

4:31 PM  
Anonymous Anônimo said...

René Daniel→ Hola, René!
Bienvenido de nuevo!
Besos para tí!

Vítor→ O livro foi lançado aqui no Brasil como ´Papillon`mesmo. Leia mesmo porque vale a pena. E eu contei só um pedacinho da história, que é a parte principal que o André aparece, né?

Jeremy→ A história é bem movimentada. Apesar do livro ter mais de 500 páginas, você nem sente quando tá lendo.

12:30 AM  

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